Sal e suas variantes.

Usado para realçar o sabor das refeições e conservar produtos alimentícios, o sal se encontra hoje no banco dos réus.

A acusação? Levar a pressão arterial ás alturas  e assim, abrir caminho para uma serie de complicações, como acidente vascular cerebral (AVC) , insuficiência renal, doenças cardiovasculares, entre outras. Ainda que as evidências estejam contra o condimento, condená-lo prontamente pode ser uma grande injustiça.

O verdadeiro vilão é nosso paladar viciado na explosão de sabores criada com a evolução da indústria alimentícia, tornando-nos insensíveis ao gosto real dos alimentos fresquinhos.

Só para se ter uma ideia da encrenca, a nutricionista Rachel Zoccarato, da clínica Andrezza Botelho Nutrição Inteligente, da capital paulista, lembra que a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que a ingestão diária de sódio, deve ser de 2 gramas , o que equivale à 5 gramas de sal de cozinha ou 5 colheres rasas de café. Mas nós, brasileiros, consumimos nada menos do que 12 gramas todo santo dia! Mais que o dobro!

Como se controla

De acordo com um estudo divulgado pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária  (Anvisa) em novembro de 2010 a quantidade de sódio encontrada em apenas uma porção de macarrão instantâneo com tempero é maior do que a recomendada para o consumo diário. Salgadinhos de milho e batata palha também entraram na lista de itens lotados com o mineral. Portanto, o primeiro passo para reduzir o consumo de sal é ficar de olho no rótulo dos alimentos antes de levá-los para casa.

Mas não é só isso: como se não bastasse o fato de os produtos industrializados estarem lotados de sal, uma boa parcela da população ainda exagera durante as refeições, temperando os pratos com incontáveis pitadas.

“É importante cozinhar os alimentos com pouco sal e preferir ervas naturais como temperos: orégano, manjericão, alecrim, salsinha e cebolinha. Alho, cebola e limão também costumam deixar as preparações saborosas”. E tantos outros….

Versões diferentes

Esclarecida a questão do consumo consciente, é hora de conhecer algumas variedades de sal que ainda são pouco populares. Algumas delas (como o sal light e o Rosa do Peru) merecem destaque por contarem com um teor reduzido de sódio em relação ao sal comum. Confira: refinado, grosso, light, rosa do Himalaia, negro, havaiano,  marinho, defumado, rosa do Peru  e flor de sal.
 

  • REFINADO

Chamado popularmente de “sal de cozinha”, ele é extraído da água do mar por meio de um processo de evaporação e, depois, refinado. Formado por cloreto de sódio (mistura de cloro e sódio), ele é muito usado no dia a dia como condimento, realçando o sabor dos alimentos, e também como conservante.

De acordo com a legislação brasileira, é obrigatório incluir iodo ao sal. A medida tem como objetivo evitar que a população apresente deficiência desse mineral, responsável por prevenir problemas como bócio e cáries. Em 1g há 400 mg de sódio.

 

  • GROSSO

Trata-se do produto bruto da cristalização da salmoura concentrada vinda da água do mar. Ao contrário do sal comum, ele só passa pelo processo de extração, ou seja, não é refinado. Por isso, seus grãos são grandes e disformes.

Ele pode ser moído ou utilizado em cristais mesmo (neste caso, é muito requisitado para temperar carnes para churrasco). Só é preciso tomar cuidado para não deixar a preparação muito salgada! Vale dizer que a composição química do sal grosso é a mesma do sal comum. Em 1g de sal grosso há 400mg de sódio.

 

  • LIGHT

Comparado ao sal comum, tem menor teor de sódio. É composto por 50% de cloreto de sódio e 50% de cloreto de potássio. Ao contrário do que o nome sugere o condimento não é indicado para quem deseja emagrecer, e sim àqueles que têm restrição em relação ao consumo de sódio (como indivíduos com pressão alta).

Por outro lado, deve-se lembrar de que ele não é uma boa pedida para pessoas com problemas nos rins, já que o aumento da ingestão de potássio pode causar um acúmulo do mineral no organismo, elevando o risco de complicações cardiovasculares. De gosto mais amargo, pode ser utilizado da mesma forma que o sal comum. E atenção: apesar de ter menos sódio, não vale exagerar nas pitadas. Em 1g de sal light há 197mg de sódio.

 

  • ROSA DO HIMALAIA

Está localizado aos pés do Himalaia, região que há milhões de anos foi banhada pelo mar. Considerado o mais antigo e puro dos sais marinhos, fica depositado a centenas de metros de profundidade. Tem quase metade de sódio encontrado no sal comum e é muito rico em minerais (são mais de 80), tais como cálcio, magnésio, potássio, cobre e ferro.

Por causa desses compostos, os cristais ganham um tom rosado e um sabor com toque metálico agradável e suave. Pode ser empregado em carnes, aves e peixes, além de saladas e legumes. Também cai muito bem na finalização e decoração de alguns pratos. Em 1g de sal Rosa do Himalaia há 230mg de sódio.

 

  • NEGRO

Trata-se de um sal não refinado procedente da Índia ou Hawai. Por conta de compostos de enxofre presentes em sua composição tem um forte sabor sulfuroso. Outra coisa que chama a atenção é a cor cinza rosada, que evidencia sua origem vulcânica ou cor negra, proveniente da mistura com o carvão.

Além de compostos sulfurosos, o sal negro é formado por cloreto de sódio, cloreto de potássio e ferro. Pode temperar receitas com carne, aves e também ser utilizado na finalização de pratos. Mas nos frutos do mar e ceviche, fica perfeito devido a seu sabor menos salgado e rico em minerais. Em 1g de sal negro há 380mg de sódio.

 

  • HAVAIANO

Essa variedade de sal não é refinada e tem uma coloração avermelhada por causa da presença de uma argila havaiana chamada Alaea, rica em dióxido de ferro. De sabor suave, pode ser acrescentada a várias receitas, como saladas, massas, grelhados e aves. Tem quase a mesma quantidade de sódio encontrada no sal comum. Portanto, nada de mão pesada no saleiro!
Em 1g de sal Havaiano há 390mg de sódio.

 

  • MARINHO

Comparando quimicamente, o sal refinado e o marinho (também chamado de sal Azul) são iguais, ou seja, ambos são formados por mais de 99% de sódio. A principal diferença entre eles está no formato dos grãos: enquanto o primeiro é refinado para passar pelo buraco do saleiro facilmente, o segundo passa por um refinamento mais rústico, resultando em grãos irregulares (não tanto quanto os do sal grosso).
Essa particularidade faz com que o sal marinho gere uma “explosão de sabor salgado” na língua.

Assim como o sal de mesa, ele pode temperar carnes, aves, peixes, verduras e legumes, realçando o sabor desses alimentos. Como a quantidade de sódio é alta, deve ser usado com muita moderação.
Em 1g de sal marinho há 420mg de sódio.

Quais as vantagens do sal marinho natural?
O sal marinho contém cerca de 84 elementos benéficos à saúde que são eliminados ou extraídos para a comercialização durante o processo industrial para a produção do sal refinado.
O sal marinho, não lavado, contém iodo de fácil assimilação e em quantidades ideais.
Não é necessário usar uma grande quantidade de sal marinho na dieta, pois o teor de sódio deste sal é menor que no refinado, que possui elevadas concentrações de sódio sob a forma de cloreto. Isto pode ser verificado provando-se os dois. O sal refinado produz uma sensação desagradável devido a sua concentração, ao passo que uma pedrinha de sal marinho é agradável ao paladar.
E se eu não encontrar no supermercado, como farei para obter o sal marinho?
Você pode comprar o sal marinho grosso (aquele usado em churrascos), bater no liquidificador e depois passar por uma peneira.

 

 

  • DEFUMADO

Existem diversos tipos de sais defumados. O francês, por exemplo, é produzido com cristais de flor de sal. Os sais são defumados lentamente, em fumaça fria resultante da queima de ripas de barris de carvalho usados no envelhecimento de vinho Chardonnay. Já o dinamarquês é feito segundo a tradição Viking. Isto é: após a evaporação da água do mar, o sal é seco em recipiente aberto sobre fogueira fumacenta feita com galhos de madeiras aromáticas, como carvalho e cerejeira.

Há ainda sais defumados de outros países, produzidos por defumação comum em fumeiros com madeiras. É possível também adicionar aromatizantes artificiais de fumaça e corantes de caramelo a cristais comuns de sal refinado ou grosso. No entanto, o sabor não fica tão delicado como o dos sais defumados de forma natural. Pode ser utilizadas com carnes, peixes, saladas e também em coquetéis como o Bloody Mary. Em 1g de sal defumado há 395mg de sódio.

 

  • ROSA DO PERU

Tem como origem um oceano muito antigo que secou e ficou preso nos subterrâneos das montanhas no Vale Sagrado dos Incas. É colhido manualmente, tem um índice de umidade elevado, sua coloração é rosa clara e o sabor, forte. Quando comparado aos outros tipos de sal, é o que apresenta um dos menores teores de sódio.

Utilizado em um prato típico do Peru, o ceviche, também pode temperar aves, peixes, entre outras receitas. Em 1g de sal Rosa do Peru há 250mg de sódio.

 

  • FLOR DE SAL

São os pequenos cristais retirados na camada mais superficial das salinas. Translúcidos, os grãos são conhecidos por conferir uma textura crocante às preparações. Essa variedade contém muito sódio, mas também carrega magnésio, iodo e potássio. Há vários tipos de flor de sal, sendo que o mais famoso é o da região de Guèrande, localizada no norte da França.

Para não perder sua capacidade de deixar os pratos crocantes, recomenda-se que seja adicionado após o preparo das receitas – ele combina perfeitamente com saladas. Em 1g de Flor de Sal há 450mg de sódio.

 

O que pode significar na minha vida esta mudança alimentar?
Saúde: Melhor controle da pressão arterial, ingestão barata de minerais essenciais à saúde, além de evitar se “envenenar” com as maciças doses de aditivos usadas no sal refinado industrializado.
A princípio, parece um exagero lhe propor mais esta mudança na sua rotina de vida. Mas trata-se de um detalhe que pode mudar sua vida quando aliado a outras dicas saudáveis.

O melhor investimento de nossa vida é aqueles que fazemos em nos mesmos.

Bjs

Mimi

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